| Jonathan Ferreira, analista de impressão 3D do Cilla Tech Park | 
A impressão 3D, criada nos anos 1980 e inicialmente conhecida como manufatura aditiva ou prototipagem rápida, transformou-se em uma tecnologia acessível que hoje impacta diversos setores. Antes, para desenvolver um protótipo, eram necessários até seis meses no processo tradicional; agora, em poucas semanas é possível ter um modelo pronto. Essa agilidade abriu espaço para inovação, democratização do acesso a novos produtos e novas oportunidades de negócio.
Segundo Jonathan Ferreira, analista de impressão 3D do Cilla Tech Park em Guarapuava, a revolução vai além das máquinas, trata-se de um novo modo de pensar e empreender, no qual a criatividade é o principal combustível. “Há pouco mais de dez anos, uma impressora custava cerca de R$ 3 mil e exigia conhecimento técnico, hoje, modelos de R$ 1.500 com nivelamento automático permitem que qualquer pessoa inicie no universo maker”, explica.
Os nichos de mercado são variados. O mais simples é o da decoração, com luminárias, esculturas e peças personalizadas. Há também espaço em brindes e eventos, com crachás, troféus e medalhas, além de áreas como arquitetura, engenharia, design e robótica. Jonathan cita alunos que começaram imprimindo peças de RPG e evoluíram para desenvolver braços robóticos voltados ao ensino e à demonstração de tecnologia.
Na saúde, o avanço é expressivo. Hospitais utilizam a impressão 3D na criação de próteses, guias cirúrgicos e modelos anatômicos que auxiliam cirurgias e estudos. No Cilla Tech Park já foram desenvolvidos modelos de estruturas usadas em procedimentos oncológicos. Com filamento ou resina, é possível produzir réplicas de órgãos como coração e pulmão, úteis tanto em operações quanto na formação de estudantes.
Outro diferencial é a cultura maker, baseada em colaboração e sustentabilidade. Plataformas como Thingiverse, MakerWorld e Printables oferecem milhares de projetos gratuitos, permitindo que usuários fabriquem desde brinquedos a peças de reposição. Muitas vezes, até partes da própria impressora podem ser produzidas pelo dono da máquina, reduzindo custos e fortalecendo uma economia circular criativa.
Para Jonathan, a criatividade é o elo entre arte e tecnologia. Sua experiência como artista plástico lhe mostrou que, quando uma empresa chega apenas com uma ideia, é a imaginação que transforma conceitos em produtos reais. Essa possibilidade tem atraído jovens e empreendedores, que encontram na impressão 3D não só um negócio, mas um estilo de vida inovador.
O futuro aponta para máquinas mais sofisticadas e acessíveis. Já existem impressoras que trabalham com metais e até na produção de motores de foguetes. Enquanto a qualidade cresce, os preços caem, ampliando ainda mais o alcance dessa tecnologia. A impressão 3D, portanto, não é apenas uma ferramenta, é um caminho de empreendedorismo, experimentação e transformação de ideias em realidade.