Marcas buscam estratégia e autenticidade para se destacar na era digital

 Especialista explica como propósito, identidade clara e experiência do cliente moldam o posicionamento empresarial

A comunicação estratégica se tornou um dos principais diferenciais competitivos para marcas que desejam se posicionar com clareza e relevância em um mercado saturado de informações. Ter uma comunicação verdadeiramente estratégica significa saber exatamente o que dizer, para quem e com qual propósito, algo que, segundo o publicitário e professor universitário Maicon Ferreira de Souza, ainda é negligenciado por grande parte das empresas. Ele explica que três pilares sustentam esse processo, intencionalidade, consistência e escuta ativa. “Cada mensagem deve estar conectada a um objetivo de negócio, refletir a mesma essência da marca em todos os canais e, ao mesmo tempo, considerar o feedback do público para ajustes contínuos. Em um ambiente em que todos parecem competir pela atenção, também é estratégico saber quando não falar. Em muitos casos, o silêncio bem planejado é mais inteligente do que a presença forçada”, ressalta.

Essa atenção à intenção e ao contexto se torna ainda mais importante quando a marca atua em múltiplas plataformas digitais. Para Maicon, o caminho começa na definição do DNA da marca, missão, valores, personalidade e tom de voz. Esses elementos funcionam como um norte que impede que a comunicação se perca em modismos passageiros. Mesmo adaptando formatos e linguagens para TikTok, Instagram ou LinkedIn, a identidade precisa ser reconhecível. Ele recomenda trabalhar com pilares de conteúdo bem definidos, garantindo variedade sem dispersão. “O segredo é ser a mesma marca em qualquer lugar, mas falando a língua de cada plataforma”, afirma.

Maicon também alerta para erros comuns que comprometem o posicionamento. A comunicação feita apenas para acompanhar tendências ou responder crises, deixa as marcas vulneráveis e sem narrativa própria. Além disso, muitas empresas focam obsessivamente na venda e esquecem o relacionamento, etapa fundamental para fidelização. Ele reforça ainda a importância do contato direto com o cliente. “Faça cliente oculto, converse com as pessoas, vá para o balcão e venda você mesmo. Isso revela onde está o descompasso entre o que você promete e o que entrega. Sem um storytelling coerente e uma experiência real positiva, nenhum discurso se sustenta”, aponta.

Maicon Ferreira de Souza possui graduação em Publicidade e Propaganda, mestrado em Televisão Digital  e doutorado em Comunicação e Linguagens . Atualmente é professor da
 Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná
 Imagem: Divulgação

Outro ponto central é a autenticidade. Para o professor, o público moderno escolhe marcas com as quais cria conexão, da mesma forma que escolhe seus participantes favoritos em um reality show. “Não basta ter um bom produto. As pessoas preferem aquilo que se parece com elas e em quem elas confiam. O propósito precisa ser prático e coerente, não apenas discursivo”, comenta Maicon.

Segundo o professor e publicitário, em 2026, o foco deve estar na criação de valor compartilhado, empresas posicionadas em causas alinhadas à sua realidade e ao impacto que geram na comunidade.

Além das práticas já consolidadas, Maicon observa um movimento crescente das marcas em direção ao comportamento transparente. Mostrar bastidores, processos e até imperfeições aproxima o público e reforça a credibilidade. “As pessoas não esperam perfeição. Elas esperam verdade. Esse processo exige maturidade de comunicação e coragem para assumir erros de forma responsável, fortalecendo relações de longo prazo”, afirma.

Com tantas mudanças no comportamento do consumidor, o futuro da comunicação tende a ser ainda mais colaborativo. De acordo com o publicitário, marcas fortes serão aquelas que conseguirem equilibrar tecnologia e humanidade. A inteligência artificial, por exemplo, auxilia na produtividade e na análise de dados, mas não substitui o olhar sensível sobre as narrativas que geram conexão. O diferencial seguirá sendo a capacidade de construir diálogos significativos e experiências consistentes. “A comunicação não cria autenticidade. Ela apenas amplifica aquilo que a empresa realmente é”.

Postagem Anterior Próxima Postagem