A inteligência emocional tem ganhado cada vez mais espaço em debates sobre carreira, relacionamentos e qualidade de vida. Mais do que um conceito em alta, trata-se de uma competência essencial para lidar com as emoções de forma equilibrada e saudável. Mas afinal, o que é inteligência emocional e por que ela se tornou tão valorizada nos dias atuais?
A psicóloga e psicanalista Hanna Hellena Lucavei Gechele explica que a inteligência emocional é a capacidade de reconhecer e lidar com as próprias emoções e também com as emoções das outras pessoas.
O termo foi amplamente difundido pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman, que defende que o desenvolvimento dessa habilidade pode ser mais determinante para o sucesso pessoal e profissional do que o próprio quociente intelectual. De acordo com Hanna, uma pessoa emocionalmente inteligente não é aquela que não sente raiva, tristeza ou frustração, mas sim aquela que consegue identificar essas emoções, compreender sua origem e administrá-las de forma saudável, sem permitir que elas determinem suas atitudes e decisões.
“Essa percepção está diretamente ligada ao primeiro pilar da inteligência emocional descrito por Goleman, o autoconhecimento. Saber reconhecer o que se sente e dar nome às emoções é um passo fundamental para não agir de maneira impulsiva. O segundo pilar, o autocontrole, refere-se à capacidade de gerenciar essas emoções, principalmente as negativas, transformando sentimentos como estresse e ansiedade em respostas equilibradas. O autocontrole não significa reprimir sentimentos, mas aprender a lidar com eles de forma construtiva. O terceiro pilar é a motivação, que vai além de recompensas externas, como dinheiro ou status. Trata-se da força interna que leva a pessoa a buscar aprendizado, crescimento e realização, mesmo diante das dificuldades. Pessoas motivadas encaram obstáculos como oportunidades de evolução, o que as torna mais resilientes e preparadas para os desafios”, explica.
Segundo Hanna, outro ponto central é a empatia, quarto pilar descrito por Goleman, que diz respeito à capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender seus sentimentos.
A psicóloga ressalta que a empatia é essencial para a construção de vínculos saudáveis e para lideranças que desejam inspirar e engajar suas equipes. Por fim, estão as habilidades sociais, que envolvem a forma como nos relacionamos, nos comunicamos e resolvemos conflitos. Ter inteligência emocional, nesse sentido, significa saber interagir de maneira respeitosa, estabelecer relações de confiança e conduzir situações difíceis com equilíbrio.
Hanna reforça que a inteligência emocional não é um dom com o qual se nasce, mas uma habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida. “O exercício do autoconhecimento, a reflexão sobre comportamentos e a prática constante da empatia ajudam a expandir essas competências ao longo da vida. No campo profissional, esse desenvolvimento permite lidar melhor com pressões e crises, fortalecendo a capacidade de liderança e colaboração. Já na vida pessoal, favorece relações mais harmoniosas, melhora a convivência familiar e amplia a qualidade de vida. Desenvolver inteligência emocional é investir em si mesmo. É aprender a lidar melhor com as próprias emoções e, ao mesmo tempo, construir relações mais saudáveis e produtivas com os outros”, conclui a psicóloga e psicanalista.
Em um mundo cada vez mais acelerado, onde o estresse e a sobrecarga emocional fazem parte da rotina de muitas pessoas, a inteligência emocional surge como um recurso fundamental para manter o equilíbrio. Desenvolvê-la é mais do que uma escolha individual, é um compromisso com o bem-estar coletivo, já que compreender e respeitar as emoções próprias e alheias contribui para ambientes mais saudáveis, cooperativos e humanos.
