Consultor do Sebrae/PR Willian Henrique da Silva Nunes destaca que preparar sucessores é essencial para garantir a continuidade dos negócios e o desenvolvimento econômico local
A sucessão empresarial ainda é um dos temas mais sensíveis dentro das empresas familiares, especialmente nas cidades do interior, onde pequenos e médios negócios sustentam boa parte da economia. Segundo o consultor do Sebrae/PR, Willian Henrique da Silva Nunes, a resistência em discutir o assunto é comum e está diretamente ligada ao fator emocional. “Para muitos fundadores, sucessão soa como perda de controle ou afastamento, o que gera desconforto e posterga decisões importantes. Soma-se a isso a ideia equivocada de que ‘ainda é cedo’ ou de que o sucessor surgirá naturalmente dentro da família, algo que raramente acontece sem preparo estruturado”, explica.
Willian explica que esse silêncio tem impacto direto no desenvolvimento local. “Em municípios onde os pequenos negócios têm papel central na geração de emprego, renda e serviços essenciais, deixar a sucessão para depois significa colocar em risco não apenas o futuro da empresa, mas o equilíbrio da própria comunidade. Por isso, o debate precisa ocorrer com maturidade, visão de longo prazo e compromisso com o impacto econômico e social do território”, acrescenta o consultor.
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| Willian Henrique da Silva Nunes é graduado em Letras – Português, pós-graduado em Gestão Estratégica, mestrando em Administração e pós-graduando em Gestão de Ambientes de Inovação Imagem: Divulgação |
Para iniciar uma transição saudável, o consultor reforça que sucessão deve ser vista como processo, não como evento. Envolve planejamento, diálogo e um olhar criterioso para identificar quem possui perfil de liderança, dentro ou fora do núcleo familiar. É fundamental investir em capacitação técnica, competências comportamentais e mecanismos de governança que deixem claras as responsabilidades de cada um. “Quanto mais cedo a preparação começa, mais natural e menos conflituosa se torna a mudança. A participação da nova geração no dia a dia do negócio também é essencial para criar senso de pertencimento e visão sobre o papel da empresa no ecossistema econômico local”, comenta Willian.
Outro grande desafio é equilibrar tradição e inovação. A geração mais experiente carrega a memória, os valores e a solidez das relações construídas ao longo dos anos. Já os jovens trazem domínio digital, sustentabilidade, novos modelos de gestão e maior abertura para a inovação. Willian destaca que o segredo está em construir mecanismos de diálogo e decisões compartilhadas, preservando a cultura que originou o negócio, mas estimulando a evolução necessária para competir em um mercado em transformação. Quando essa nova geração também compreende seu papel cívico, o impacto se amplia, a inovação deixa de ser apenas empresarial e passa a fortalecer o desenvolvimento da cidade.
Casos bem-sucedidos mostram que a chave está na preparação antecipada e na disposição real de promover mudanças. Empresas que planejam a sucessão com antecedência conseguem testar estratégias, ajustar rotas e consolidar a nova liderança de forma gradual, segura e transparente. O sucessor, por sua vez, precisa ir além do conhecimento técnico, deve compreender o mercado, estudar gestão moderna e desenvolver inteligência emocional para assumir responsabilidades crescentes. Na região centro-sul, Willian observa que negócios que apostam na formação empreendedora e cívica de seus líderes têm apresentado resultados mais sólidos, pois assumem o compromisso de continuar contribuindo para o desenvolvimento regional.
Para o consultor, sucessão empresarial bem-feita não garante apenas a continuidade de um CNPJ, mas a manutenção de empregos, a circulação de renda, a inovação no território e a sustentabilidade econômica de toda a comunidade. Preparar a nova geração, portanto, é cuidar do futuro, da empresa e da cidade.
