Revista Comunique

Inácio Martins e a Erva-Mate: um legado de qualidade e um futuro promissor

O município de Inácio Martins  é um dos dez maiores produtores do estado do Paraná

Com tradição centenária, qualidade reconhecida e produção sustentável sob a floresta nativa, Inácio Martins fortalece sua identidade com a erva-mate e mira novos mercados com apoio de famílias produtoras e reconhecimento internacional

Na região mais alta do Paraná, Inácio Martins preserva uma das tradições históricas mais fortes, o cultivo da erva-mate. Com altitudes superiores a 1.000 metros, solos argilosos e bem drenados, clima ameno e a presença da Floresta Ombrófila Mista, o município é um dos dez maiores produtores do estado, reconhecido nacionalmente pela qualidade e sustentabilidade da sua produção. Em maio de 2025, essa produção sombreada da região, incluindo Inácio Martins, recebeu reconhecimento internacional ao ser declarada Patrimônio Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A certificação valoriza sistemas agroecológicos tradicionais conduzidos por agricultores familiares, comunidades faxinalenses e povos indígenas, que associam cultivo, preservação da biodiversidade e valorização cultural.

Segundo o engenheiro florestal e secretário municipal de Meio Ambiente, Éder Lopes, Inácio Martins possui condições edafoclimáticas ideais para a erva-mate, com solos ricos em matéria orgânica, temperatura amena e altitude elevada, que impactam diretamente na qualidade da planta e do produto final. Ele destaca que o setor, originado no extrativismo, está em transição para o cultivo técnico, com práticas como adensamento com mudas nativas, podas adequadas, manejo integrado de pragas e colheita no inverno, quando a planta está em dormência. Essas técnicas elevam a produtividade e agregam valor sem prejudicar o equilíbrio ambiental.

Engenheiro Florestal Éder Lopes

A produção no município é majoritariamente familiar, com pequenas propriedades que mantêm a cultura integrada a áreas de mata nativa, preservando o sistema sombreado tradicional. Um exemplo é a família Silva, da marca Erva-Mate Martinense, que cultiva cerca de 50 alqueires em diversas áreas. A colheita ocorre de abril a julho, e parte da produção agora é beneficiada em uma agroindústria própria recente. “Acreditamos na qualidade dos nossos ervais e queremos que a nossa erva-mate leve o nome de Inácio Martins cada vez mais longe”, afirma a família.

Erva-Mate Martinense

Apesar de boa parte da produção ainda ser comercializada in natura para indústrias vizinhas, que têm cadeias produtivas mais estruturadas, a erva-mate martinense destaca-se pela qualidade reconhecida e é valorizada nesses mercados. No município, a empresa Bonetes compra e beneficia a erva-mate local, atuando com três marcas consolidadas — Pantanal, Charme e Pindaré — e investindo em parcerias com produtores locais. O gerente da Bonetes, Hélio Malek Wagner, reforça o compromisso de garantir um produto final de excelência, respeitando a tradição e qualidade da erva-mate de Inácio Martins, fortalecendo a identidade regional e ampliando a presença nacional das marcas.

Marcas produzidas pela Bonestes

Para o secretário Éder Lopes, fortalecer a cadeia produtiva requer ações integradas, como incentivos à formação de cooperativas, assistência técnica contínua, acesso a linhas de crédito e estímulo à certificação de origem, com selos orgânicos e de comércio justo. “A erva-mate de Inácio Martins tem potencial para acessar mercados diferenciados e exigentes, mas é necessário investir na base, apoiar pequenos produtores e criar políticas que valorizem esse patrimônio”, conclui.

Além do uso tradicional no chimarrão e tereré, a erva-mate conquista novos mercados com chás especiais, suplementos alimentares, cosméticos e bebidas energéticas à base da planta, abrindo oportunidades.


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