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| Gabriel Barbosa Zorzi vendendo os embutidos da família no espaço do programa ‘Produtos da Terra – Empreendimento de Economia Solidária’, em anexo à Rodoviária Municipal de Guarapuava. | 
Experiências em Guarapuava mostram que, mesmo em pequenas áreas, é possível gerar renda, diversificar a produção e transformar o futuro do campo
Em Guarapuava, a agricultura familiar é muito mais do que uma tradição, é uma estratégia concreta de geração de renda e fortalecimento da economia local. Nas pequenas propriedades rurais do município, diversas atividades estão se consolidando como alternativas rentáveis, graças ao apoio técnico, estrutural e comercial oferecido pela Secretaria Municipal de Agricultura.
Segundo o secretário municipal de Agricultura, Celso Fernando Doliveira, todos os programas e projetos da pasta têm como prioridade a agricultura familiar. “A assistência técnica é o principal pilar desse trabalho. Engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, engenheiros de alimentos, médicos veterinários e nutricionistas estão à disposição dos produtores, atendendo desde a horticultura e fruticultura até setores específicos como ovinocultura, avicultura de postura e agroindústria familiar”, explica.
“Hoje, Guarapuava conta com quatro queijarias em funcionamento, todas amparadas pela Prefeitura com orientação técnica, apoio à comercialização e legalização via Serviço de Inspeção Municipal. Esse serviço, inclusive, permite que pequenos empreendimentos acessem mercados em diferentes escalas: municipal (SIM), estadual (SUSAF) e nacional (SISB)”, acrescenta Celso.
O incentivo financeiro também aparece em iniciativas como a Feira Solidária, que adquire alimentos de pequenos produtores, especialmente os que estão começando, para doação a famílias em situação de vulnerabilidade. Outra iniciativa é a compra de produtos da agricultura familiar para a merenda escolar municipal e estadual, fortalecendo o chamado mercado institucional. Além disso, a tradicional Feira do Produtor leva agricultores a diferentes bairros da cidade, aproximando quem produz de quem consome e garantindo a venda direta de alimentos frescos.
Entre os exemplos de quem encontrou no campo uma alternativa de renda está a família de Gabriel Barbosa Zorzi, morador do Distrito do Guará. Há cerca de 15 anos fabricam embutidos suínos, como linguiças e torresmos.
“No começo era bem pequeno, sem estrutura, mas fomos buscar apoio na Secretaria de Agricultura para profissionalizar o negócio. Hoje produzimos em pequena escala e vendemos nas feiras, em mercados da cidade e até no sítio, para quem vai até lá comprar direto”, conta Gabriel.
A produção, que depende da compra da carne de fornecedores da região, tornou-se a principal fonte de renda da família. “Nós vendemos tudo o que fazemos e estamos estudando entrar em mercados maiores. Também já trabalhávamos com frango caipira e pensamos em retomar essa atividade no futuro”, completa.
Casos como o de Gabriel reforçam a visão do secretário. “Para as pequenas propriedades, a chave da sustentabilidade está em atividades de valor agregado, seja na transformação de alimentos, na fruticultura, na horticultura, no turismo rural, na piscicultura ou até em nichos como a produção de cogumelos. Um produto fresco, comercializado no entorno de Guarapuava, tem mais qualidade e ainda aquece a economia local”, destaca.
Para o secretário, manter o agricultor no campo exige políticas públicas constantes, que garantam crédito, tecnologia, capacitação e pesquisa. “Hoje, sem tecnologia, é difícil competir. O crédito agrícola, os programas de habitação rural, as capacitações e as estruturas de ensino e pesquisa são fundamentais para que o produtor permaneça e prospere naquilo que sabe fazer, trabalhar a terra”.
Em Guarapuava, o exemplo é claro. com apoio certo, criatividade e dedicação, pequenas propriedades rurais podem se transformar em grandes oportunidades de renda e desenvolvimento, tanto para as famílias no campo quanto para toda a cidade.